28/03/2011


     Liesel Meminger é uma garotinha de apenas 10 anos que tem que se mudar com a mãe e seu irmão menor para Molching, uma cidadezinha nos arredores de Munique, fugindo dos horrores da Alemanha nazista. Porém, durante a viagem, um triste acontecimento faz com que o curso da vida dos personagens mude drasticamente; O irmão de Liesel morre e nesse lapso de tempo, entre o enterro do irmão menor e os acontecimentos seguintes, Liesel se vê cometendo seu primeiro "crime" ao roubar o manual para coveiros, esquecido no chão por um dos coveiros que havia enterrado seu irmão. Em seguida Liesel é mandava para sua nova família, constituída pelo casal de pais adotivos Rosa e Hans Hubermann.
     Devido as dificuldades financeiras de sua nova família, Liesel se vê obrigada a ajudar a recolher a roupa suja dos vizinhos para lavar e passar. Nesse ínterim, Liesel conhece vários personagens, cada um cativante a sua maneira, e que se mostrarão de vital importância para o desenvolvimento da história.


     A frase na parte de trás do livro, por si só, já é impactante: "Quando a morte conta uma história, você tem que parar para ler". Afinal, o que se esperar de um romance onde a narradora é a própria morte? Em seu primeiro romance publicado no Brasil, o escritor australiano Marcus Suzak nos presenteia com um livro inteligente, repleto de personagens carismáticos, que você dificilmente conseguira esquecer após a primeira leitura. Liesel, a personagem principal, é uma garotinha de gênio indomável e extremamente perspicaz. Hans Hubermann, seu pai adotivo, é um homem de caráter bondoso que acolhe Liesel em seus braços como se fosse sua filha legitima e acalma suas noites de insonia tocando sue velho acordeom enquanto ela pega no sono. Rosa Hubermann, em contra partida, é o que eu chamaria de "madrasta-má-não-tão-má-assim", pois com o decorrer da leitura, apesar da forma dura como ela muitas vezes trata as pessoas ao seu redor, você acaba tornando-se solidário a ela, pois percebe que o gênio forte dela não passa de um sistema de autodefesa, criado por ela mesma, para proteger0se e proteger as pessoas ao seu redor. Max Vandenburg é um boxeador judeu que após ser perseguido pelos nazistas pede refúgio na casa de um amigo do seu pai (Hans Hubermann) escondendo-se no porão da casa de Liesel. Graças a essa aproximação forçada, Max e Liesel acabam se tornando amigos, criando um vínculo que perdurará até o final do livro e da vida da então garotinha Liesel. 


   Além dos personagens citados acima, outro personagem que na minha humilde opinião é o mais interessante e cativante de todos, é Rudy Steiner. A importância de Rudy para a história pode ser resumida em uma frase dita pela própria morte, no decorrer do romance: "Ele mexe comigo, esse garoto. Sempre. É sua única desvantagem. Ele pisoteia meu coração. Ele me faz chorar." 
    Assim que chegou em sua nova residência, numa ruazinha modesta, em uma casinha mais modesta ainda em Molching, Liesel conhece Rudy, durante um jogo de futebol desastrado e ambos acabam se tornando muito amigos. Rudy "persegue" Liesel a maior parte do tempo, sempre pedindo-lhe um beijo que é constantemente negado. Nas palavras da própria: "A única coisa pior do que um menino que detesta a gente é um menino que ama a gente." O relacionamento entre os dois acontece de forma natural, durante a melhor parte da infância, pontilhado em alguns momentos alternados de tristeza e alegria, mas com a pureza e inocência típica das verdadeiras amizades. Devo destacar aqui a cena hilaria e ao mesmo tempo emocionante, na qual Rudy usa carvão para pintar o próprio corpo de preto, após ver o atleta afro-americano Jesse Owens ganhar 4 medalhas de ouro nas olimpíadas de Berlim (isso em pleno regime nazista, sob o peso obressor do braço de ferro e Hitler) e vai até o campinho de futebol perto da sua casa para "brincar" de Jesse Owens.
     Raramente releio algum livro, pois nutro a mesma opinião de S.K com relação a isso (a de que a vida é curta demais para perdermos tempo com isso) mas esse é um dos que farei questão de reler de novo e de novo e de novo...


     Markus Frank Zusak (Sydney, 23 de junho de 1975) é um escritor australiano, com sete livros publicados desde 1999, sendo "a menina que roubava livros" o mais conhecido. Zusak vive em Sydney com sua esposa e sua filha.


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